Porque toda mãe, acima de tudo, é mulher, tem sentimentos, medos, angústias, paixões, sonhos, frustrações, metas, desejos, vontades e precisa pensar e cuidar de si mesma um pouquinho.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Leitura da Semana

Para mamães:

"Precisam ser paciente nesta fase tão especial e não exigir de si um rendimento igual ao habitual. Abrir-se à sensibilidade que é aguçada e à percepção das sensações que são vividas com um coração imenso e um corpo que elas, mães sentem pequeno porque são, ao mesmo tempo, bebê e pessoa adulta." (sobre quando chega um bebê)

"O bebê sente como se fossem seus todos os sentimentos da mãe, sobretudo aqueles dos quais ela não tem consciência. A maioria das mulheres não aproveita esta vantagem de ter a alma exposta; é arriscado encarar a própria verdade. No entanto, este é um caminho que inevitavelmente elas percorrerão, embora seja pessoal a decisão de fazê-lo com maior ou menor consciência."

"Criar bebês é muito árduo porque, assim como a criança, para ser, entra em fusão emocional com a mãe, esta, por sua vez, entra em fusão emocional com o filho para ser. A mãe passa por um processo análogo de união emocional. Ou seja, durante os dois primeiros anos, é fundamentalmente uma 'mãe-bebê'. As mulheres puérperas têm a sensação de enlouquecer, de perder todos os espaços de identificação ou de referência conhecidos; os ruídos são imensos, a vontade de chorar é constante, tudo é incômodo, acreditam ter perdido a capacidade intelectual, racional. Não estão em condições de tomar decisões a respeito da vida doméstica. Vivem como se estivessem fora do mundo; vivem, exatamente, dentro do 'mundo-bebê'.
E é indispensável que seja assim. A fusão emocional da mãe com o filho é o que garante que a mulher estará em condições emocionais de se desdobrar para que a cria sobreviva.
O desdobramento da alma feminina ou sua fusão emocional com a alma do bebê é indefectível, mesmo que este processo seja inconsciente. A decisão de trazê-lo à consciência é pessoal. Vale a pena esclarecer que este processo nos surpreende porque não o esperávamos, e em geral costumamos rotular de mil maneiras as sensações incongruentes das mães e as queixas indecifráveis dos bebês. Em muitos casos, são diagnosticadas 'depressões pós-parto', quando a única coisa que acontece é um brutal encontro da mãe com a própria sombra."

"À medida que uma mulher vai assumindo a própria sombra, observa-a, indaga, investiga, questiona a si mesma, libera o filho da manifestação dessa sombra."

"É preciso que as mães enlouqueçam um pouco, e para isso elas precisam do apoio daqueles que as amam, que lhes permitam abandonar sem risco o mundo racional, as decisões lógicas, o intelecto, as ideias, a atividade, os horários, as obrigações. É indispensável submergir nas águas do oceano do recém-nascido, aceitar as sensações oníricas e abandonar o mundo material."

"As mulheres puérperas têm a capacidade de sintonizar a mesma frequência do bebê, o que lhes facilita cria-los, interpretar suas necessidades mais sutis e se adaptar à nova vida. Por isso é frequente a sensação de estar flutuando em outro mundo, sensíveis e emotivas, com as percepções distorcidas e os sentimentos confusos."

"A única pessoa que sabe - sem saber que sabe - é a mãe. Por isso, a principal contribuição que podemos lhe dar consiste em ajuda-la a avaliar suas necessidades e sua intuição, para tomar decisões com respeito à criação de seu bebê."

"Nossa sociedade tem pressa em voltar à normalidade. Todos querem que a mãe volte a ser a mesma que antes, que emagreça depressa, que interrompa a lactação, que volte ao trabalho, que se mostre esplêndida... Enfim, que esteja afinada com os tempos que vivemos. É a era da internet, do e-mail, da telefonia celular, da televisão via satélite, dos aviões e das estradas de alta velocidade. O mundo anda na velocidade da luz enquanto as mãe submergem nas trevas do recolhimento, conservando suas novas formas e pedindo silêncio."

"O mundo poderá se transformar. Chegaremos a Marte, Júpiter ou Netuno, mas necessitaremos sempre de nove longos meses para gerar nossos filhos, de outros nove meses para que comecem a se deslocar com autonomia e de longuíssimos anos para que sejam capazes de enfrentar o mundo sem a ajuda dos pais."

Trecho do livro A Maternidade e o encontro com a própria sombra, de Laura Gutman.

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